A Prefeitura de Poço Fundo, município do Sul de Minas, confirmou nesta quarta-feira (5/1) três casos de duplo contágio de COVID-19 e do vírus da gripe - situação popularmente conhecida como flurona.
"Dois casos de flurona foram detectados por laboratório poço-fundense nesta terça-feira. Outro caso, detectado na segunda, é de paciente de Machado", afirmou a nota publicada nas redes sociais da prefeitura
Ainda segundo a administração local, todos estão com sintomas bem leves e isolados.
Nessa terça (4/1), a Prefeitura de Juiz de Fora informou que recebeu mais duas notificações de um laboratório privado sobre a possibilidade de caso de flurona, como é chamada a dupla infecção por COVID-19 e Influenza.
No total, são três casos em investigações epidemiológicas.
De acordo com a assessoria da gestão municipal de Juiz de Fora, os dois novos casos foram notificados ontem por um laboratório particular da cidade.
A administração municipal, no entanto, não informou o sexo, a idade e o estado de saúde dos pacientes, mas ressaltou que a investigação do caso está em andamento.
Flurona
O duplo contágio é popularmente conhecido como flurona. Trata-se de uma designação definida a partir dos termos "flu" (gripe, em inglês) e "rona" (de coronavírus).
Conforme a subsecretaria estadual de Vigilância e Atenção Primária à Saúde informou nessa terça, ainda "não existem estudos científicos publicados que confirmem as implicações clínicas ou imunológicas da infecção conjunta".
A pasta também disse ontem "que vai acompanhar qualquer ocorrência que venha a ser notificada no estado".
Nesta quarta, a reportagem do Estado de Minas voltou a fazer contato com o Governo de Minas e aguarda um retorno.
O que é a dupla contaminação, quais os cuidados e se ela pode agravar o caso do paciente:
- O que é?
- A dupla contaminação é normal?
- O paciente com essa condição pode ter um quadro pior de saúde?
- Como se proteger?
- Como identificar que tenho dupla contaminação?
O que é a dupla contaminação?
Ela acontece quando os dois testes – para gripe e para Covid – dão positivo. Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará já confirmaram casos de dupla contaminação.
A dupla contaminação é normal?
Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que ter uma contaminação dupla (por dois vírus) não é algo raro. “Quando temos duas epidemias simultâneas, a chance de positivar os dois vírus é grande”, diz.
Entretanto, quase nunca a pessoa está infectada pelos dois vírus. O infectologista explica que é preciso separar a coinfecção da codetecção.
“Os métodos para identificar vírus no nosso corpo, como o teste PCR, são muito sensíveis. Eles detectam facilmente pedaços do vírus que não necessariamente estão trazendo infecção ou doença para o indivíduo. Essa codetecção é muito frequente, mas não significa que os dois vírus estão agindo no corpo”, diz o infectologista.
O paciente com essa condição pode ter um quadro pior de saúde?
Ainda não é possível dizer se o paciente terá um quadro pior de saúde. Kfouri explica que ela pode comprometer a saúde de pessoas que já são imunocomprometidas, mas, em geral, a dupla contaminação não significa que você terá quadro mais grave.
Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, lembra que a vacina é extremamente importante para evitar o quadro grave das duas doenças. "Se você estiver vacinado, o risco de desenvolver forma grave dessas doenças é remoto. Se você não estiver imunizado, vai seguir o fluxo e correr riscos, seja com um, dois ou três vírus".
Mirian Dal Ben, infectologista do Hospital Sírio Libanês, explica infecção dupla não aumenta as chances de óbito nem faz com que as doenças sejam mais leves. "O importante é que as pessoas precisam saber que a gente não tem nada ainda na ciência que fale pra gente que pegar as duas coisas ao mesmo tempo aumente as chances da pessoa morrer ou que faça a doença talvez ser mais leve. Nenhuma das duas coisas".
Como podemos nos proteger?
Os dois vírus são respiratórios. As medidas de prevenção continuam as mesmas: usar máscara, vacinação, distanciamento social, higiene das mãos.
“É extremamente importante prevenir contra os dois vírus. Ainda temos poucas informações sobre agravamento e o que vai acontecer. O que podemos fazer agora é prevenir, colocar as medidas de prevenção em curso”, alerta a epidemiologista Ethel Maciel.
Kfouri concorda e reforça que as medidas de relaxamento precisam ser revistas.
“São doenças de transmissão respiratória e os cuidados são os mesmos. Além disso, é preciso rever protocolos de relaxamento. O que norteia esses protocolos são as taxas de transmissão. Estamos com taxas elevadas de gripe e Covid e precisamos diminuir”, diz o infectologista.
A boa notícia, segundo Kfouri, é que a temporada de Influenza dura de quatro a oito semanas.
Como identificar se a contaminação é dupla?
Por causa da semelhança dos sintomas, as duas infecções podem ser inicialmente confundidas. A única forma de identificar é fazendo os testes para Covid-19 e influenza. Alguns sinais podem ajudar a diferenciar as doenças.
"Os sintomas da influenza, de maneira geral, são quadro súbito de febre alta, dor de garganta e um intenso mal-estar. Já a Covid chega de maneira discreta, com sintomas mais exuberantes depois de sete dias", explica Suleiman.
Sintomas da gripe (influenza)
A gripe, como é chamada a infecção pelo vírus influenza, apresenta sintomas agudos logo nos primeiros dias da doença.
- Febre alta;
- Calafrios;
- Dores musculares;
- Tosse;
- Dor de garganta;
- Intenso mal-estar;
- Perda de apetite;
- Coriza;
- Congestão nasal (nariz entupido);
- Irritação nos olhos.
Sintomas da Covid-19
Já nos casos de Covid-19, a doença começa a evoluir a partir do 7° dia, podendo ou não levar a um quadro de insuficiência respiratória.
De acordo com pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, os sintomas da ômicron são "diferentes" das cepas anteriores do coronavírus e incluem:
- Dor de garganta;
- Dor no corpo, principalmente na região da lombar;
- Congestão nasal (nariz entupido);
- Problemas estomacais e diarreia.
No Brasil, as variantes delta e gama ainda são predominantes. Seus sintomas podem incluir:
- Perda de olfato e paladar;
- Dor no corpo;
- Dor de cabeça;
- Fadiga muscular;
- Febre;
- Tosse.