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A história da produção do tricô na Capital Nacional das Malhas

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Por Festmalhas Jacutinga | Fotos Divulgação ACIJA

Tricotar, fazer crochê e bordar foram, em meados da década de 1960, atividades de moças prendadas, consideradas habilidosas na arte de produzir belas peças e assessórios manualmente. Não foi por outra razão que a principal atividade econômica de Jacutinga nasceu literalmente das mãos dessas mulheres, que com apenas duas agulhas, tricotavam malhas, roupas de bebês, enxovais e mantas para a família.

Logo, surgiram as primeiras máquinas retilíneas manuais, conhecidas como “reco-reco”, o que expandiu a produção de tricô na cidade e passou a se tornar uma atividade bem lucrativa.

Nas garagens e cômodos de muitas residências jacutinguenses, se ouvia o vai e vem dos teares manuais. Ao mesmo tempo, tecelões, passadeiras, cortadeiras e overloquistas passaram a ser profissões cada vez mais procuradas na cidade.

 

Com o talento e o gosto das mulheres na criação de peças em tricô, herança cultural dos imigrantes europeus, principalmente os italianos que se instalaram na região de Jacutinga, o processo de industrialização das malharias não tardou a acontecer, com o surgimento, a partir da década de 1970, das primeiras máquinas retilíneas motorizadas.

Entre as pioneiras na confecção de malhas na cidade, podemos citar Cacilda Rezende Caponi, Rosa Maria Bartolomei Cardoso, Vilma Ribeiro, Arminda Perugini, Cleuza Bueno, Ercília Grassi, Gina Cardoso, Maria Cleomar Bartholomei Galiás, Geni Fusco, Hermínia Bisco, Ivone Morais Cardoso, Lola Matile, Matilde Furrier, Wilma Legatti, Maria de Lurdes Siqueira Palomo, Sebastiana Legatti, Silvia Prado, Tereza Pioli, Olívia Grassi, Alice Antunes, Ordália Cleuza, Ontália do Conde, Sônia Fonseca, Sebastiana Aciolly, Carmita Palomo Duarte, entre muitas outras.

Capital das Malhas

A cadeia de produção e comercialização de malhas em Jacutinga atravessou em franca expansão as décadas de 1980 e 1990, marcadas pela luta contra a recessão e a instabilidade econômica, e se consolidou como principal atividade econômica do município.

Mesmo com a informalidade predominante nas relações trabalhistas, o processo de industrialização gerou uma classe trabalhadora que se especializou em áreas de criação e produção, qualificando-se cada vez no setor têxtil. Vinculada à produção, a comercialização dos artigos também gerou ocupação, renda e riqueza.

 

Conforme a cidade conquistava fama como Capital das Malhas, o comércio evoluiu e passou a atrair compradores de outros setores da economia da cidade. No final dos anos 1970, foi organizada a primeira Fest Malhas, que se tornou uma das mais importantes feiras de malharias do Brasil.

Tecnologia

A partir da década de 1990, empresários jacutinguenses do setor de malharias passaram a importar o que havia de mais moderno em maquinários, principalmente teares eletrônicos do Japão e Itália.

Ao mesmo tempo, a tecnologia e a informação se tornaram imprescindíveis, tanto para a comercialização e os negócios, quanto para as pesquisas de mercado e tendências do mundo da moda.

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Concorrência e investimento

Na primeira década do milênio, com a abertura do país à globalização, por volta de 2009, as malharias tiveram que adequar sua produção à concorrência com empresas do exterior. A chegada de produtos chineses foi responsável pelo fechamento de confecções que não conseguiram concorrer com os preços dos importados. Algumas malharias de grande porte reduziram seu tamanho. Outras arriscaram produzir na China. A maioria recuou com problemas de logística, modelagem e qualidade.

Na luta pela sobrevivência, uma saída foi o private label. Neste modelo de negócio, a malharia produz para outra marca, vendendo o serviço como locadora de equipamento e mão de obra. As empresas investiram na aquisição de máquinas e em tecnologia de ponta, planejaram o aumento da produção e da produtividade e estabeleceram condições, principalmente a partir de 2011, para vender para os grandes magazines.

Malharias

Segundo a ACIJA (Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Jacutinga), atualmente a cidade conta com cerca de 1,1 mil produtores de malhas (incluindo produção terceirizada, malharias de pequeno porte, médio porte e grandes malharias).

Mesmo com a expansão de um polo industrial diversificado com a implantação de empresas em outros ramos de atividades, as malharias ainda geram mais da metade dos empregos na cidade, direta ou indiretamente.

 

Fonte: Livro “Asas de Jacutinga”, por Hilton Viotti - Editora Bit Social

Serviço

Festival Fest Malhas

Onde: Jacutinga (MG)

Quando: De 8 de junho a 9 de julho de 2023

Vila Mineira: Largo da Antiga Estação Ferroviária

Horário: De segunda a sexta-feira das 8h às 18h; aos sábados, domingos e feriados das 8h às 20h.

Entrada franca.

Para outros detalhes, basta acessar o Instagram oficial da Fest Malhas @festmalhasjacutinga

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