A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou nesta quarta-feira, 12, o terceiro surto do superfungo Candida auris no Brasil. O caso ocorreu em um hospital da rede pública de Recife, Pernambuco (PE).
Até o momento, há um caso confirmado e outro em análise. Mesmo assim, o órgão reintera que deve-se considerar que há um surto de C. auris no Brasil. "A definição epidemiológica de surto abrange não apenas uma grande quantidade de casos de doenças contagiosas ou de ordem sanitária, mas também o surgimento de um microrganismo novo na epidemiologia de um país ou até de um serviço de saúde – mesmo se for apenas um caso", disse em nota.
O primeiro caso identificado no Brasil foi no final de 2020, em uma amostra de ponta de cateter de um paciente que foi internado em uma UTI de um hospital na Bahia. Ele levou ao primeiro surto da doença no Brasil (com 15 casos e 2 mortos). O segundo surto foi um mês atrás, com somente um caso num hospital de rede pública.
Os Estados Unidos, Índia e México também apresentaram surtos da doença nos últimos dois anos. No país de Joe Biden, por exemplo, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) registrou 1.156 casos da doença entre setembro de 2020 e agosto de 2021.
O que é o superfungo Candida auris?
O Candida auris é um fungo emergente que pode representar uma séria ameaça à saúde pública, considerando que: (1) é resistente às principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas); (2) pode ser fatal, causando infecção na corrente sanguínea; (3) é difícil de eliminar do ambiente contaminado.
Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes aos medicamentos mais comuns no tratamento contra Candida, algo que não é observado em nenhuma outra espécie do gênero. É comum que os infectados tenham um fator de risco que facilitam o surgimento de infecções por fungos, como diabetes, falência renal ou até o uso de múltiplos antibióticos.
Um estudo de pesquisadores brasileiros publicado no periódico científico Journal of Fungi, inclusive, analisou o primeiro surto da doença na Bahia e relatou que todos os infectados já estavam na UTI por conta da covid-19. Portanto, uma das hipóteses é de que eles "foram intensamente expostos a antibióticos e procedimentos médicos invasivos, e desenvolveram superinfecções".
A taxa de mortalidade varia entre 30% e 60%. Ou seja, no mínimo, quase um terço dos pacientes infectados com o fungo acaba não resistindo às doenças. A infecção causa sintomas como febre alta, tontura, fadiga, aumento da frequência cardíaca e vômitos.