Melissa Duarte e Paula Ferreira | O Globo
BRASÍLIA — O Ministério da Saúde adotará o intervalo de oito semanas entre as duas doses pediátricas da vacina contra a Covid-19. A informação, que será anunciada em entrevista à imprensa, foi antecipada pelo GLOBO por membros ligados à pasta.
Segundo a bula aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as doses deveriam ser aplicadas num prazo de três semanas. A autarquia liberou o imunizante infantil em 16 de dezembro. Entre as justificativas para a ampliação do intervalo, está a maior resposta imunológica e a escassez de doses pediátricas.
A imunização será escalonada, primeiro por prioridades e, depois, por faixa etária. Confira a lista:
- Crianças de cinco a 11 anos com deficiência permanente ou com doenças preexistentes;
- Indígenas e quilombolas;
- Crianças que residem com pessoas de grupos de risco para Covid-19, a exemplo dos idosos;
- Sem comorbidades, em ordem decrescente de idade: 10 e 11 anos; oito e nove anos; seis e sete anos; e cinco anos.
Na terça-feira, o Ministério da Saúde realizou uma audiência pública para debater o tema. Representantes de entidades científicas, parlamentares, entre outros, participaram do debate. Na ocasião, a pasta pressionou pela adoção de prescrição médica para vacinação. Como O GLOBO revelou, depois, a pasta decidiu não exigir a receita médica.
Desde que a Anvisa aprovou a vacina da Pfizer para uso em crianças, o presidente Jair Bolsonaro tem dado declarações contrárias à imunização de crianças. Em uma live no mesmo dia, o presidente afirmou que divulgaria o nome de membros da Anvisa que atuaram pela aprovação do imunizante para crianças.
Diante da postura do presidente, a pasta protelou a inclusão de crianças no Plano Nacional de Operacionalização contra Covid-19 e decidiu submeter o tema a uma consulta pública. Na terça-feira, o Ministério da Saúde divulgou que a maior parte das pessoas se manifestou contra exigência de receita médica para vacinação de crianças.