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Em entrevista, Prefeito Araujo conta um pouco da história da sua família 'Cividati /Araujo' e a chegada em Jacutinga

8b2a966f a3be 479a 9796 1078942106e8Prefeito Araujo Reunido com familiares em Campinas-SP

“De uma forma ou de outra eu teria que resgatar o desejo dos meus pais que era voltar para a Jacutinga. Eu me sinto um prefeito feliz, não pelas dificuldades que um prefeito tem, mas porque as dificuldades da minha família foram muito maiores. Aquilo que eu posso fazer, estou fazendo para a população de Jacutinga”, Diz Prefeito Araujo

Da Redação Rodrigo Matarazzo

Jacutinga é uma cidade linda e abençoada. Ao longo de sua história o município tem se tornado uma referencia em todos os setores que fazem a locomotiva de uma cidade se movimentar rumo ao progresso e ao desenvolvimento em beneficio da população. A cidade encanta quem a conhece de perto e os que a conhecem apenas por ouvir falar. O desenvolvimento de Jacutinga nos últimos anos tem rompido as barreiras das fronteiras de Minas Gerais. O crescimento econômico, turístico, cultural, empresarial, industrial de Jacutinga tem chamado a atenção e pessoas e até de políticos fora do estado. A cidade tem atraído a atenção de grandes investidores, que buscam instalar suas empresas e consequentemente proporcionar a geração de emprego no município.

É de conhecimento de todos que a cidade de Jacutinga é um dos municípios mais desenvolvidos e prósperos do Estado de Minas Gerais, de um povo aguerrido, trabalhador, hospitaleiro e que jamais desiste de conquistar seus objetivos. Ao longo de sua história Jacutinga se destaca no crescimento econômico tanto na zona rural como na zona urbana. Na zona rural na produção de café e leite, na pecuária, na agricultura e outros seguimentos. Já na zona urbana a locomotiva do desenvolvimento está no seu comércio, nas malharias, lojas do setor têxtil e nas indústrias que ao longo dos últimos seis anos tem se instalado no município. Para contarmos um pouco da história do atual desenvolvimento de Jacutinga é necessário contarmos um pouco da história de Jacutinga, como a cidade foi criada, os primeiros habitantes a chegar na região, a história da imigração, principalmente pelos Italianos e como essas famílias se imigrantes ajudaram no crescimento da cidade.

1Foto Antiga de Jacutinga-MG

A história da colonização de Jacutinga pelas famílias italianas, portuguesas e espanhola, se deu a partir de 1875, quando começaram a chegar na Freguesia as famílias vindas de várias regiões da Itália, Portugal e Espanha que contribuíram muito com o crescimento e desenvolvimento em todas as áreas do município, inclusive na área econômica. Até a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil, no século XVI, a atual região do sul de Minas Gerais era habitada pelos índios puris.

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A atual cidade de Jacutinga tem, como marco de sua fundação, o ano de 1835, data da construção da primeira capela do então povoado chamado "Ribeirão de Jacutinga". O nome foi assim designado pelas muitas jacutingas que habitavam a região. Passados 36 anos, o vilarejo tornou-se "Santo Antônio de Jacutinga", já apresentando desenho e ares de cidade.

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A partir daí, vieram os lampiões a gás, a estrada de ferro e o primeiro jornal impresso, em 1927: "A Gazeta de Jacutinga", um grande avanço para a época.

Foi elevada à condição de município em 16 de setembro de 1901, passando a se chamar somente "Jacutinga". Com um crescimento em ritmo acelerado devido ao cultivo de café, destaca-se um período de expansão, até o declínio da cafeicultura em meados da década de 1930.

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Nesta história de uma terra próspera, de uma cidade linda, gravada no meio das montanhas da Serra da Mantiqueira, no Sul das Minas Gerais, existem grandes e inesquecíveis histórias de famílias que vieram para Jacutinga e contribuíram e muito para o progresso e desenvolvimento do município.

5Giovani Battista Cividati e Angela Tarlisio, avós Maternos do Prefeito Araujo

Seja na lavoura, na labuta do dia a dia na roça, seja no comércio e nas pequenas fábricas que se instalaram em Jacutinga. Essas famílias partiram se suas terras natais para reconstruir um sonho de vida em uma terra até então desconhecida.

Na mala trouxeram sonhos e a vontade de vencer e dar uma vida melhor aos seus familiares. Mas nessa chegada ao Brasil, em especial na Região do Sul de Minas, essas famílias encontraram e enfrentaram muitas dificuldades para dar uma vida melhor aos seus entes queridos. 

Dentre essas inúmeras famílias que chegaram a Jacutinga no final de 1800 e contribuíram para o desenvolvimento da cidade, está a família Cividati e Araujo. Essas duas famílias são do atual Prefeito Melquíades de Araujo. A família Cividati veio da Itália, já a Araujo veio de Portugal. Os avós Maternos do Prefeito Araujo são o senhor Giovani Battista Cividati, filho de Gregório e Maria Balanti, nascido no dia 04 de outubro de 1864, na cidade de Gerolanuovi, Orzinuova, Brescia, Itália, casou-se em Orzinuovi com Angela Tarlisio, nascida em 01 de outubro de 1866, na Itália.

O casal teve 11 filhos e vieram para o Brasil em 09 de outubro de 1892. Os dois estão sepultados em Jacutinga. Os filhos foram; Francisco Cividati (nasc.1889, Itália); Gregório Cividati (nasc.1891, Itália); Américo Cividati (nasc.1893, Brasil); Ellena Cividati (nasc.1895, Brasil); Luigi Cividati (nasc.1896, Brasil); Domenico Cividati (nasc.1898, Brasil); Giacomo Cividati (nasc.1900, Brasil); Rita Cividati (nasc.1902, Brasil); Giustina Cividati (nasc.1906, Brasil). Dois filhos nasceram mortos. Dos falecidos 9 estão sepultados em Jacutinga, 1 em Campinas-SP e 1 em São Paulo.

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O avô Paterno, Francisco Joaquim de Araujo, nasceu em Portugal em 1865, veio para Jacutinga e casou-se com Maria Rosa da Conceição Rubim, que nasceu em Jacutinga em 1865 e tiveram também 11 filhos; Américo Joaquim de Araujo (1890); Jacinto Joaquim de Araujo (1892); Antonio Joaquim de Araujo (1894); Maria de Araujo (1896); João Joaquim de Araujo (1889); José Joaquim de Araujo (1900); Joaquim de Araujo (1902); Aliria de Araujo (1904); Amélia de Araujo (1908); Francisca de Araujo (1908) e Pedro Joaquim de Araujo. Destes 11 filhos 10 estão sepultados em Jacutinga e 1 em Campinas-SP, que é o pai do Prefeito Araujo, o senhor José Joaquim de Araujo.

Como as outras famílias que vieram para a região em busca de uma terra prometida e da realização de seus sonhos, a família Cividati e Araujo também tinham muitos sonhos e na luta por esses sonhos, passaram por muitas dificuldades financeiras na criação dos filhos.

Os pais do Prefeito Araujo, o senhor José Joaquim de Araujo e Dona Rita Cividati de Araujo, nascidos em Jacutinga, se casaram no ano de 1923, no mesmo município e tiveram 15 filhos. Os filhos foram: Maria de Araujo (1924); Olivia de Araujo (1925); José de Araujo (1927); Alzira de Araujo (1929); Olga de Araujo (1931); Iolanda de Araujo (1932); Anésio de Araujo (1935); João de Araujo (1937); Antonio de Araujo (1938), Benedito de Araujo (1938), Oswaldo de Araujo (1940); Pedro de Araujo (1941); Maria Ap. de Araujo (1943); Melquíades de Araujo (1944); Paulo de Araujo (1948). Destes, 12 já faleceram e metade estão sepultados em Jacutinga e a outra metade em Campinas-SP.

18Orzinuovi, na região da Lombardia, província de Bréscia na Itália

Com o tempo e com muita luta os avós do Prefeito Araujo conseguiram comprar uma fazendinha lá pros lados da Serra Morena, do Fubá. Ali começaram toda a vida junto com os filhos pequenos. Seu José Joaquim de Araujo e a senhora Rita Cividati de Araujo viveram uma vida muito simples em Jacutinga e criaram seus filhos através do plantio e da lavoura de café. Na vida encontraram muitas dificuldade e trabalho duro. Conviveram com a perda muito precoce de alguns filhos e após essas perdas a família Araujo resolveu se mudar para a cidade de Campinas-SP, no ano de 1948. Lá continuaram a sua luta pela sobrevivência, conquistaram objetivos, realizaram sonhos, mas nunca esqueceram e deixaram suas raízes para traz, sempre sonhavam em retornar para Jacutinga, terra que seus antepassados escolheram para viver quando chegaram da Itália.

7O jovem Melquíades de Araujo na época que serviu o exército brasileiro

O Prefeito Melquíades de Araujo em entrevista exclusiva ao Jornal A Fonte De Jacutinga, bastante emocionado, contou um pouco da história da sua família, a origem lá na Itália e em Portugal, as atividades que exerciam lá antes de virem para o Brasil e como foi a chegada de todos na Região de Jacutinga.

“Eu sou o penúltimo filho dos meus pais. Minha mãe teve 15 filhos, eu fui o 14º filho. Algumas pessoas aqui de Jacutinga achavam que eu era um metido aí que veio de fora, um forasteiro. Eu sou nascido na fazenda da mata, com 3 anos de idade, meus pais se mudaram para o centro da cidade, nos cômodos ali naquele terreno que ainda é da família Raffaelli. No fundo desses cômodos tinha uma máquina de beneficiar café e meu pai começou a trabalhar ali de manhã, depois disso ele foi embora para Campinas, levando os 7 filhos que estavam vivos e minha mãe grávida desse último filho, que também veio a falecer em Campinas. Então meus pais já tinham enterrado praticamente 8 dos 15 filhos, que foram sepultados aqui em Jacutinga. Meu avô, por parte da minha mãe, eles vieram da Itália. Quando vieram da Itália, já vieram com dois filhos italianos, que é o Gregório Cividati e também o Francisco Cividati. Esses dois filhos, dos meus avós, são irmãos da minha mãe. Meu avô anotava tudo em um livro antigo. Esse livro ele trouxe com ele, na viagem de navio da Itália. Então veio ele, minha avó e dois filhos. Os dois filhos, um com um ano de idade, outro com dois anos. Os demais nasceram tudo em Jacutinga. Esse meu avô, ele na verdade chegou aqui e ele escreve vários versos neste livro antigo. Ele continuava escrevendo, mostrando a saudade que ele tinha da Itália, dos parentes que lá ficaram e também dizia da situação deles aqui. Meus avós quando imaginavam vir para o Brasil, achavam que era uma terra prometida, que teria facilidade, na verdade encontrou só dificuldade e trabalho duro no plantio de café, na colheita de café. Com isso, com o tempo, esse meu avô conseguiu comprar uma fazendinha ali pro lado da Serra Morena, do Fubá, enfim, ele tinha uma terra ali e ali ele começou então toda a vida dele junto com esses filhos. Meu avô nasceu em 1864 e ele morreu em 1º de janeiro de 1949. Meu avô materno nasceu na Itália, minha avó também veio da Itália. Ele morreu justo no dia 1º de janeiro, na passagem do ano, então deve ter sido muito triste, mas morreu já com 85 anos de idade. Ele foi um pioneiro entre tantos outros italianos que pra cá vieram. Consta que eles vieram para o Brasil no ano de 1892. E sobreviveram aqui em Jacutinga lá na área da Serra Morena, do Fubá”, relatou Araujo.

8A família, pais e irmãos do Prefeito Araujo reunida em Campinas-SP. Araujo é o último com as mãos cruzadas para frente

Na entrevista o Prefeito Araujo contou como seus avós tomaram a decisão de virem para o Brasil e como era a região em que viviam na Itália:

“Pós guerra havia uma promessa de que aqui no Brasil seria a terra prometida e muitos italianos saíram, evidentemente saíram de lá com uma certa ajuda do próprio governo. Na Itália meus avós viviam, eu imagino que eles viviam do plantio de uva para fazer vinho, porque na Itália tem muito disso. E era em Orzinuovi que é uma comuna italiana da região da Lombardia, província de Bréscia onde meus avós maternos nasceram, inclusive eu estive lá há pouco tempo com a minha família, visitando o local onde eles nasceram, viveram, casaram e depois disso vieram para o Brasil. Quando meu avô faleceu, foi feito a divisão das áreas. Naquela época, não era comum as filhas mulheres terem parte da herança, eram os filhos homens. Então tudo foi dividido com os filhos que, na verdade, eram os homens, as mulheres, nada recebeu a respeito”, destacou.

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Seu José Joaquim de Araujo e Dona Rita Cividati de Araujo, pais do Prefeito Araujo com os netos Alexandro César Araujo e Marcos Araujo "Marcão"

Bastante emocionado, Araujo fala sobre as dificuldades enfrentas pelos seus pais já em Campinas-SP. O Prefeito também relembra um pouco da história dos seus avós paternos:

“Minha mãe morando em Campinas, nós com a necessidade básica de sobrevivência, na época não foi beneficiada pelo meu avô, porque não era comum, as mulheres praticamente não tinham direito à herança, a não ser os filhos homens. Daí cada um ficou com a sua área, cada um com o seu pedaço de terra , tocaram a vida, plantando café, colhendo café. A minha avó, por parte do meu pai, era nascida no Brasil, e meu avô, por parte do meu pai, veio de Portugal e aí se casou com ela e aqui também ficaram dentro de Jacutinga. Todos eles, quase todos, na sua grande maioria, meus tios, minhas tias, meus avós, todos eles faleceram aqui na cidade de Jacutinga. Moravam próximo, tanto perto do Fubá, como também na Serra Morena. Meu pai era um operário, colhedor de café, ou plantador de café. Ele percorreu várias regiões, várias fazendas, porque trabalhava por empreitada. Aí justifica, inclusive, porque as famílias eram grandes. É porque era importante ter o filho menor para ajudar na colheita. Quanto mais colhia, um pouco mais recebia, e os filhos, desde pequenos, já começavam a trabalhar. Eu não tive esse privilégio de ajudar eles aqui, porque eu tinha apenas quatro anos de idade quando nós fomos para Campinas. Mas todos os outros meus irmãos, de uma forma ou de outra, ajudou. Como eu disse, meu avô Giovanni Battista era altamente alfabetizado, por tudo que ele escreveu naquele livro antigo, contando a história da viagem, contando a história dele aqui no Brasil, a saudade dos parentes que ele deixou na Itália. É realmente uma história emocionante. É importante saber que, a partir de 1892, meus avós estavam plantados aqui em Jacutinga", pontuou.

Muitas vezes no período eleitoral Araujo foi chamado de forasteiro. O Prefeito Araujo fala sobre o assunto e rebate a quem teve esse pensamento. Araujo fala ainda sobre a morte dos seus pais e o desejo que eles tinham em retornar para Jacutinga:

“Na campanha eleitoral me chamaram de forasteiro, só que forasteiro eu não sou. Toda a minha família está enterrada em Jacutinga, e eu nasci em Jacutinga, na Fazenda da Mata. O único irmão que nasceu em Campinas durou um ano de idade e faleceu. E eu passei a ser, como dizem, o caçula da família. Entre os 15, eu sou o 14º, mas nasci em Jacutinga. Recebi Título de Honra de Jacutinga em governos passados, pela Câmara Municipal, pelo trabalho que eu já fazia ajudando a população, através das instituições. 

11Recentemente Araujo retorno a terra onde seus avós maternos nasceram. Na foto Araujo no museu da cidade de Orzinuovi, na região da Lombardia, província de Bréscia na Itália

Ajudei muito, porque eu tinha no meu conhecimento e no meu sangue as dificuldades que meus pais passaram juntamente com todos os meus irmãos e o desejo deles de um dia voltar a morar em Jacutinga. Infelizmente isso não aconteceu. Tanto meu pai quanto minha mãe já faleceram. Minha mãe teve as duas pernas amputadas, com o tempo ela veio a falecer em 1973. Meu pai morreu em 1975 porque tinha também sofrido um derrame e ficou sem falar e sem andar por muitos anos e veio a falecer em Campinas. Então eles não conseguiram retornar à cidade que era a vida deles, a cidade de onde eles nasceram que é Jacutinga. Eu já estou há mais de 20 anos dentro de Jacutinga e eu sou Prefeito da cidade há 6 anos. Então quem dizia que eu era forasteiro para ser prefeito, eu quero lembrar que já estava aqui há mais de 20 anos. Depois que eu aposentei eu vim morar aqui na cidade como se eu estivesse trazendo comigo, eu tenho crença nisso, meu pai e minha mãe. Então era uma forma que encontrei de fazer o retorno deles para Jacutinga”, disse.

12Araujo e Toninho Roque sendo empossados Prefeito e Vice-Prefeito de Jacutinga em 2017

Araujo pontuou como surgiu o interesse de se candidatar Prefeito de Jacutinga, das muitas vindas com sua mãe para Jacutinga quando a família morava em Campinas e relembrou o nascimento dos seus filhos:

“Depois que eu aposentei veio coincidentemente nascer a ideia de sair candidato a Prefeito de Jacutinga. Então ganhei as eleições e hoje estou Prefeito há 6 anos. Estou no meu segundo mandato, tenho mais uns 2 anos para cumprir, mas você vê como é que é a história, né? Toda a minha família teve que sair de Jacutinga. Alguns filhos dos meus avós, muito deles foi para Paraná e aí a terra prometida virou no Paraná, mas a maioria ficou aqui. Relembro que depois de todo esse sofrimento dos meus pais e da minha família em Jacutinga é que fomos para Campinas. Lá em Campinas conseguimos pelo menos os filhos mais novos estudar, conseguimos se formar, fazer a vida, dar uma vida um pouco melhor para os meus pais. Conseguimos uma casa própria para eles em Campinas e isso foi toda a nossa história lá em Campinas. Lá eu ainda recebi o Título de Cidadão Campineiro. Até o recebimento deste Título de Cidadão Campineiro prova que eu não era de Campinas. Desde pequeno toda vez minha mãe vinha para Jacutinga visitar as irmãs, visitar os irmãos, da mesma forma o meu pai, então eu como sendo o filho menor, foi o que mais viajou com eles, porque não podia deixar em casa só. Eu estava sempre em Jacutinga. Aqui sempre foi meu lugar, onde eu passeava na praça, tinha meus primos por aqui, para a gente fazer os passeios então eu nunca abandonei Jacutinga mesmo depois de adulto. Os meus filhos nasceram em Campinas, minha vida profissional foi em Campinas e só retornei definitivamente, como eu disse, há 20 anos atrás para Jacutinga quando eu já estava aposentado. Digo que essa vida toda, essa história toda dos meus avós e dos meus pais nunca saiu do meu pensamento, eu achava que de uma forma ou de outra eu teria que resgatar o desejo dos meus pais que era voltar para a Jacutinga. Lembro que meu irmão o segundo da família, que morreu com 94 anos, inclusive foi vítima do Covid, ele saiu daqui com 19 anos de idade. Ele trabalhava de ferreiro. Por isso que até hoje eu me dedico cada vez mais em prol da nossa cidade, do nosso povo, exatamente para que ninguém venha mais a ter que fazer o que o meu pai fez, ter que ir embora com os filhos, de ter que sofrer o que eles sofreram pela ausência da cidade que eles amavam. Hoje dos três irmãos só restou 3 vivos, dos 8 que foram para Campinas. Mas é isso, essa é a história dos meus avós.Os meus filhos são minhas joias, tenho o Marcos Roberto da Silva Araujo “Marcão”, o Marlon Roberto da Silva Araujo, e os gêmeos Bruno Mafra Araujo e a Luana Mafra Araujo. O Marcão e o Marlon moram em Campinas e o Bruno e a Luana moram comigo e minha esposa Alita Araujo aqui em Jacutinga. Quero dizer que estou como Prefeito de Jacutinga e com sentimento de ter recuperado tudo aquilo que meu pai sofreu e que eu não estou sofrendo em Jacutinga, pelo contrário, eu sempre digo e repito: eu me sinto um prefeito feliz por saber, não pelas dificuldades que um prefeito tem, mas porque as dificuldades da minha família foram muito maiores. Mas aquilo que eu posso fazer, estou fazendo para a população de Jacutinga. Então para mim eu sou e posso dizer, um dos mais felizes Prefeitos existente na face terra. Na verdade, tudo que faço é de coração e faço com amor, faço pela experiência de vida que eu tenho profissionalmente e está dando certo. Eu acredito que está dando certo e cada vez mais até terminar o nosso mandato. Está faltando mais de dois anos para concluir o segundo mandato. Espero poder sair daqui de cabeça erguida e com a certeza de missão cumprida, com uma cidade já diferenciada daquilo que era quando eu iniciei o meu primeiro mandato”, finalizou o Prefeito Melquíades de Araujo.
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                              Posse de Araujo e Toninho Roque para o Primeiro Mandato em 2017, em Jacutinga-MG

irmãoAraujo com o irmão Pedro de Araujo no museu de Orzinuovi, na região da Lombardia, província de Bréscia na Itália

Jacutinga tem o privilégio de ao longo de sua história ter sido habitada por pessoas que mesmo enfrentando grande dificuldades, jamais desistiram dos seus ideais, dos seus sonhos, dos seus objetivos. São inúmeras famílias que vieram para Jacutinga e contribuíram para a construção de uma cidade prospera.

Hoje mostramos e contamos um pouco da história das famílias Cividati e Araujo. Pessoas humildes, simples que enfrentaram grandes batalhas e que deixaram seus nomes marcados na história de Jacutinga. Nessa busca por contar um pouco da nossa história, o Jornal A Fonte de Jacutinga com certeza contará outras histórias de famílias que chegaram em nossa região e fizeram a sua história de vida. Antes de contarmos outra história, conheça um pouco da cidade de Jacutinga.

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Nas fotos Araujo em Orzinuovi, na região da Lombardia, província de Bréscia na Itália

17Orzinuovi, na região da Lombardia, província de Bréscia na Itália

Jacutinga e sua História

Paralelamente ao grande avanço da era industrial no Brasil ocorrido nessa época, imigrantes italianos se instalaram na cidade, trazendo, consigo, a habilidade de tecer e bordar. Já no fim da década de 1960, um jovem italiano, Antônio Pieroni, traz, para Jacutinga, a primeira máquina manual de fazer tricô: a Lanofix. A população abraçou a nova vocação econômica e, durante quase cinquenta anos, conseguiu transformar o município em referência nacional na fabricação de malhas e tricô.

Surgia, consequentemente, o turismo de negócios, fomentado pelas compras nas mais de mil pequenas empresas que hoje existem na cidade.

Voltando um pouco na história de Jacutinga destacamos que no ano de 1771, o território que hoje constitui a paróquia e o município de Jacutinga, na época de seu povoamento, pertencia à paróquia de Ouro Fino.

Em 1803 já havia moradores na Região do Pico da Forquilha. Dentre os povoadores antigos de Jacutinga, destaca-se Antonio Pessoa de Lemos, natural de Sabará, que se estabeleceu com fazenda na barra do Ribeirão de São Paulo, cujas terras abrangiam o local onde se encontra a cidade de Jacutinga.

Em 1805 foram feitas as principais vias de penetração na zona oeste de Ouro Fino. Contudo, muito antes de sua abertura, já se iniciara o povoamento de Jacutinga pelas vias naturais constituídas pelos rios, principalmente pelo Rio Mogi, que naquela região era denominado Mogi-Abaixo.

Também concorreu para o povoamento da região de Jacutinga, ao norte, o Ribeirão de São Paulo e ao Sul, o Rio Eleutério. Por volta de 1805, o povoado já havia atingido as margens do Eleutério, ali residindo muitos fregueses da paróquia de Ouro Fino, mas, desde então, registraram-se sérias contendas de limites entre mineiros e paulistas, pois a região já havia sido atingida por outros povoadores vindos de Mogi Mirim.

Em 1835, José Francisco Fernandes, Silvério José Machado e Emídio de Paiva Bueno começaram a derrubada das matas no local, exatamente no dia 30 de Março de 1835, onde se ergueria a Capela em homenagem a Santo Antonio, e numa segunda-feira, 06 de abril de 1835, começavam a abertura dos alicérceres, e em seguida o assentamento dos tijolos, para na segunda-feira, dia 13 de abril de 1835 serem levantados os andaimes, tendo como marco de sua fundação este ano. Em 1847, num domingo de Novembro, a Igreja era inaugurada com a celebração da primeira missa pelo Padre Felipe José Viera e em torno da capela já existia uma dezena de casas.

Em 1856, o Bispo de São Paulo faz sua primeira visita a capela do Bairro de Santo Antonio de Jacutinga.

Em 1871, por forma do Decreto-Lei Provincial, o bairro é elevado à Freguesia.

Em 1873, a Capela foi elevada a Curato e o primeiro Cura (Pároco) que veio para Jacutinga foi o Padre Cristóvão Fatigatti.

Em 1875, o Padre Cristóvão foi substituído pelo Padre Gaudêncio Ferreira Pinto, que permaneceu na Freguesia até o dia 21 de fevereiro de 1885, e quando faleceu foi sepultado dentro da capela. As construções de casas continuavam em ritmo acelerado, pois começavam a chegar na Freguesia, famílias italianas, portuguesas e espanholas.

Em 1880, pela Lei do Palácio da Presidência da Província de Minas Gerais, criou-se o município de Ouro Fino, e marcando as divisas entre as freguesias de Ouro Fino e Borda da Mata, e em seu § 1º diz: - O novo município se comporá das seguintes freguesias: Ouro Fino, como sede, e elevada à categoria de cidade; Jacutinga e Monte Sião, desmembradas do município de Pouso Alegre; Campo Místico, desmembrada do município de Jaguari.

Em 1894, era criado o Conselho Distrital e nomeados para conselheiros: Major Afonso de Paiva Pinheiro e Capitão Antonio José Pinto. Os conselheiros mandaram construir um prédio na esquina da Rua da Penha, esquerda de quem sobre (Rua Capitão José Pinto), para ser o mercado. Mandaram colocar “chafariz” nos quatro cantos da Freguesia. Construíram o matadouro. Mandaram instalar 50 lampiões de gás e colocaram placas em onze ruas.

Em 1897, a estação da Estrada de Ferro Vale do Sapucaí recebia seus últimos retoques. Seu nome era o de “Silviano Brandão”. Foi ele quem batalhou para trazer a Estrada de Ferro até Jacutinga. Era Presidente do Senado Mineiro e candidato ao Governo de Minas Gerais, e assumira o governo na nova capital mineira - Belo Horizonte. Por volta das 15 horas do dia 14 de março de 1897, ouviu-se pela primeira vez, o apito estridente da locomotiva do trem “Lastro” que vinha testando a linha. A Freguesia de Jacutinga ficou conhecendo um de seus maiores acontecimentos históricos, que foi a inauguração da Estrada de Ferro. Era o primeiro trem a chegar por estas bandas.

Em 1901, 16 de setembro, pela Lei 319, foi elevada a condição de município, passando a chamar-se somente Jacutinga. O nome foi assim designado, pelas muitas aves “Pipile Jacutinga” que habitavam a região, também conhecidas por Jacuapeti, Jacupará, ou peru-do-mato, aves pintangadas, pretas, e com penacho branco.

Em 1936, pela Lei 115 de 03 de novembro, foi assinado o convênio entre os Estados de Minas Gerais e São Paulo determinando os limites e linhas divisórias entre os dois estados.

Em 1950, pela Lei 560 de 17 de maio, fica criada como Estância Hidromineral o Município de Jacutinga.

Em 1962, pela Lei 2.764 de 30 de dezembro, reestruturou-se a divisão administrativa do Estado de Minas Gerais e também do Município de Jacutinga.

Em 1970, pela Lei 5.524 de 16 de Setembro, fica considerada com estância Hidromineral, para os efeitos do disposto no artigo 15, § 1º, alínea “a”, da Constituição da República Federativa do Brasil, o município de Jacutinga.

Em 2007, pela Lei 17.110 de 01 de Novembro, dispõe sobre o reconhecimento da localidade como estância climática ou hidromineral e dá outras providências.

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